sábado, 12 de março de 2011

HOMOSSEXUALIDADE NÃO É OPÇÃO: O QUE DIZEM OS MÉDICOS, OS GENETICISTAS, OS PSICÓLOGOS E OS PSICANALISTAS EM MARIA BERENICE DIAS

Por Thonny Hawany

Os leigos no assunto e os renitentes em aceitar a homossexualidade como fenômeno natural insistem em dizer que os homossexuais escolhemos ou optamos por ser gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis.


Esmiuçando as literaturas relacionadas à medicina, à genética, à psicologia e à psicanálise, vimos que há muitas cogitações e poucas respostas; no entanto, as respostas, ainda que escassas, são esclarecedoras e auxiliam-nos a entender o fenômeno da homossexualidade à luz da ciência desviando-nos das cogitações leigas e grosseiras.

Há inúmeras pesquisas em diversas áreas do conhecimento humano, procurando explicar o fenômeno da homossexualidade, no entanto, nunca, elas foram tão numerosas quanto na atualidade. “Durante anos, a Medicina pesquisou o sistema nervoso central, os hormônios, o funcionamento do aparelho genital e nada encontrou de diferente entre homossexuais e heterossexuais” (DIAS, 2009, p. 52).

No campo da genética, “recente pesquisa sueca realizada com mais de 90 pessoas, demonstrou que o cérebro dos gays é fisicamente parecido com o de mulheres heterossexuais, enquanto o de lésbicas se assemelha ao de homens heterossexuais. A pesquisa ainda sugere que fatores biológicos são capazes de influenciar a orientação sexual, como a exposição à testosterona no útero, que pode moldar a anatomia cerebral” (DIAS, 2009, p. 54-55). Esta pesquisa responde a um número considerável de indagações a respeito do tema, porém não é conclusiva. Segundo Qazi apud Dias (2009, p. 55), “não há mais dúvidas de que as diferenças cerebrais são delineadas nos primeiros estágios de desenvolvimento fetal”. A mesma pesquisa concluiu que “não há mais argumentos, se você é gay, é porque você nasceu gay” (QAZI apud DIAS, 2009, p. 55).

Para os gays, esta afirmação não é nenhuma grande novidade, é um alívio, isso sim, visto que temos, na pesquisa, a comprovação daquilo que já sabíamos de modo empírico, desde muito tenra idade.

Embora o meu objetivo seja apresentar o que há de novidade nos campos da medicina, da genética, da psicologia e da psicanálise, não posso me furtar de mencionar que o pai da psicanálise, Sigmund Freud, deixou registrados posicionamentos arrojados a respeito da homossexualidade. Em sua obra União Homoafetiva, Dias (2009, p. 55) apresenta algo interessando a esse respeito. Freud em resposta à carta da mãe de um homossexual registrou o seguinte: “entendi, pela sua carta, que seu filho é homossexual. Estou muito impressionado pelo fato de a senhora não mencionar este termo nas informações sobre ele. Posso perguntar-lhe por que o evita? A homossexualidade não traz com certeza qualquer benefício, mas não é nada que deva ser classificado como uma doença; consideramos que seja uma variação do desenvolvimento sexual”. Difícil acreditar que, aproximadamente, um século depois, ainda haja profissionais da psicologia e da psicanálise querendo curar gays e lésbicas de uma suposta doença por eles denominada “homossexualismo”, assunto já encerrado pela decisão da Organização Mundial da Saúde em desclassificar a homossexualidade como doença em 1993. [Grifei].

Para Graña apud Dias (2009, p. 56), “a identidade sexual e as anomalias evolutivas são fruto de um determinismo psíquico primitivo, que tem origem nas relações parentais desde a concepção até os três ou quatro anos de idade”. Ainda para Graña apud Dias (2009, p. 56-57), “a cultura e, mais precisamente, a linguagem oferecem ao indivíduo, desde os primórdios da sua vida pós-natal, signos, símbolos e significações que vão lhe servir como referências ambientais constituintes de sua identidade subjetiva e sexual”.

Contrapondo os resultados das pesquisas no campo da genética e da psicanálise, fica evidente que a homossexualidade é forjada na convergência dos fenômenos genéticos e sócio-ambientais que vão desde a concepção até os quatro primeiros anos de vida. Desde modo não o que se falar em doença. Trata-se de um fenômeno natural.

Ser homossexual não é cômodo socialmente. “Se tivessem opção, muitos homossexuais prefeririam não o ser – o que é uma boa prova de que não existe opção.” (DIAS, 2009, p. 58). “A experiência clínica assinala que o processo desidentificatório não é possível” (idem). Está aí a justificativa para os que dizem ser ex-gays. Não se pode curar o que não é doença. São falsos os chamados ex-gays. Ou nunca o foram, ou reprimiram o que são influenciados por forças estranhas ao seu psiquismo. Estes últimos constituirão, inevitavelmente, a parte doente em nós e poderão sofrer muito com tal decisão, principalmente, se for impositiva. São falsos e charlatães os que dizem curar a homossexualidade. O que pode haver é uma supressão do ato e do desejo sexual como o que fazem os celibatários.

Ser gay não dói fisicamente; no entanto, não se pode dizer o mesmo da dor psicológica, do sofrimento decorrente do preconceito. Para Costa apud Dias (2009, p. 59), “a única forma de sofrimento comum a todos os sujeitos homossexuais é aquela que vem de causas externas, do preconceito, da discriminação e das dificuldades que isso traz para os que são discriminados”.

Ser homossexual não é hereditário. Se assim o fosse, os filhos de casais heterossexuais seriam todos heterossexuais. Os homossexuais somos a maioria filhos de pais heterossexuais. Em contrapartida, os filhos de indivíduos homossexuais, necessariamente, poderão não ser homossexuais.

Assim sendo, ainda que não existam certezas científicas da real natureza da homossexualidade, se o fenômeno decorre de fatores que sejam biológicos, genéticos, sociais e/ou ambientais, o principal de todos os fatos é que não é uma escolha pela qual se pode optar. O que podemos (ou não) é aceitar o que nos é inato. Para finalizar invoco uma metáfora apropriada: como as borboletas, símbolo de transformação e de (re)começo, podemos morrer em casulos, mas também podemos rompê-los para alçar vôos que nos sejam repletos de felicidade, de alegria e, acima de tudo, de amor.

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2 comentários:

  1. Interessante o post, dele podemos concluir que a natureza ao criar um ser homossexual, age contrária ao seu principal interesse que é multiplicar e prover a criação. Ou seja criar seres sem capacidade de reprodução para não perpetuar a espécie, essa seria a conclusão mais lógica e correta das pesquisas mencionadas acima.

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  2. Guto, obrigado, realmente o post é interessante. Só não se pode esquecer que homossexualidade não é sinônimo de esterilidade. A natureza, ao permitir a homossexualidade, está desempenhando o seu autocontrole. A natureza é sábia e, por isso, não deve desenvolve nada que já não esteja no seu planejamento.

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